quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A umbanda - origem etimológica e histórica - significado


Etimologia 

Ao se falar de umbanda, não podemos deixar de remeter à história, principalmente, das civilizações antigas. Falar da origem desta palavra, que ao longo do tempo tornou-se religiosidade é grande responsabilidade. 
A etimologia da palavra "umbanda" é bem abrangente. Muitos estudiosos buscaram significados a essa palavra, em várias civilizações, além da africana.  
Verificaram que "umbanda" ou "embanda,"e também a expressão "mbanda" são originárias da língua quimbunda de Angola, que significa "magia da arte de curar". A última expressão citada significa, além dos primeiros significados, "O além, ou onde moram os espíritos". 
Ampliando seus estudos e buscando nas civilizações mais antigas do planeta, perceberam que também tem origem em um mantra da língua adâmica "Ahumbhandah," que nesta etimologia significa "O conjunto das Leis Divinas," ou "Deus ao nosso lado." Significados belíssimos para uma expressão que atualmente ampliou-se de tal forma, a se tornar uma forma de Religação com a natureza e o criador.

A História da Umbanda como religião e ritualística

A umbanda é uma religião genuinamente brasileira. Apesar de ter-se buscado suas origens nas civilizações antigas, tais como Lemurianas, Atlântis, maias, Incas e Astecas, enquanto religião e ritualística, a umbanda teve sua evolução em terras brasileiras. E seu início foi através da atuação do jovem médium Zélio Fernandino de Moraes, católico, nascido no dia 10 de abril de 1891, no distrito de Neves, município de São Gonçalo - Rio de Janeiro. 

Zélio gozava dos seus desessete anos, e se preparava para ingressar na Marinha, quando começou a ter certos "surtos", como se uma outra entidade o tivesse tomado. Ora falava como um velho, ora como um jovem sagaz e impetuoso. Tais surtos começaram a preocupar seus familiares que o encaminharam ao seu tio, Dr. Epaminondas de Moraes, Diretor do Hospício de Vargem. Após alguns dias de observação e não encontrando os seus sintomas em nenhuma literatura médica, sugeriu à família que o encaminhassem a um padre para que fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estivesse possuído pelo demônio. Procuraram, então, também um padre da família que após fazer ritual de exorcismo não conseguiu nenhum resultado.



Tempos depois Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, para o qual os médicos não conseguiram encontrar a cura. Passado algum tempo, num ato surpreendente Zélio ergueu-se do seu leito e declarou: "Amanhã estarei curado". No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. Nenhum médico soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe, D. Leonor de Moraes, levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região onde morava e que incorporava o espírito de um preto velho chamado Tio Antônio. Este Negro-velho informou aos familiares que Zélio estava manifestando mediunidade e aconselhou a todos que ele iniciasse o desenvolvimento desta faculdade. Foi então, que seu pai, o Sr. Joaquim Fernandino Costa, um estudioso dos livros espíritas, no dia 15 de novembro de 1908 (o ano ainda é duvidoso, acredita-se em 1910, ou 1920), encaminhou o filho para a Federação Espírita de Niterói. Lá, convidados pelo dirigente da reunião, o Sr. José de Souza, seu pai e Zélio senntaram-se à mesa. Logo de início, contrariando a todos no local, Zélio se levanta e vai pegar uma flor no jardim para colocar à mesa, dizendo que ali faltava uma flor. Logo após sentar-se já incorporou um espírito, e logo depois, os outros médiuns também incorporaram negros-velhos e caboclos. Isso causou espanto e as entidades foram advertidas pelo dirigente da reunião, sendo convidadas a se retirarem do recinto. Afinal, o dirigente as entendia como atrasadas.  

Em resposta a esse dirtigente, uma entidade disse: "Por que repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Será por causa de suas origens sociais e da cor?" Um vidente na reunião, percebendo a luz que irradiava desse espírito o endagou: "Por que o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? Por que fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome meu irmão?

O espírito respondeu: _"Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados. O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida.[24] Acusado de bruxaria, fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como Caboclo brasileiro. 
Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim."

O vidente então pergunta: "Julga o irmão que alguém assistirá seu culto?" O caboclo responde:
Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei"
Depois de um tempo, eles verrificaram que a entidade comunicante era realmente o Padre Malagrida. No dia 16 de novembro de 1908, na rua Floriano Peixoto, 30 · Neves · São Gonçalo · RJ, aproximando-se das 20:00 horas, estavam presentes os membros da Federação Espírita , parentes, amigos e vizinhos e do lado de fora uma multidão de desconhecidos. Pontualmente às 20:00 horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas desceu e usando as seguintes palavras iniciou o culto, dizendo: "Aqui inicia-se um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos, que haviam sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefício dos irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus, e como Mestre Supremo, o Cristo."
Após estabelecer as normas que seriam utilizadas no culto e com sessões diárias das 20:00 às 22:00 horas, determinou que os participantes deveriam estar vestidos de branco e o atendimento a todos seria gratuito. Disse também que estava nascendo uma nova religião e que chamaria Umbanda. O grupo que acabara de ser fundado recebeu o nome de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse as seguintes palavras: "Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a tenda acolherá aos que a ela recorrerem as horas de aflição; todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai."
Ainda respondeu perguntas de sacerdotes que ali se encontravam em latim e alemão. Atendeu um paralítico e o curou. E assim fez com outras pessoas no local. Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras: "- Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá". Após insistência dos presentes fala: "Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugar de nêgo."

 Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde: "Minha caximba, nêgo qué o pito que deixouno toco. Manda mureque buscá."
Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antonio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usada pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de"Guia de Pai Antonio".
No outro dia formou-se verdadeira romaria em frente a casa da família Moraes. Cegos, paralíticos e médiuns que eram dado como loucos foram curados. A partir destes fatos fundou-se a Corrente Astral de Umbanda. Após algum tempo manifestou-se um espírito com o nome de Orixá Malé, este responsável por desmanchar trabalhos de baixa magia, espírito que, quando em demanda era agitado e sábio destruindo as energias maléficas dos que lhe procuravam.
Dez anos depois, em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, recebendo ordens do astral, fundou sete tendas para a propagação da Umbanda, sendo elas as seguintes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge, Tenda Espírita São Jerônimo. O espírito estabeleceu normas como a prática de caridade, sua base se fundamentaria no Evangelho de Cristo e seu nome "Allabanda",[30] substituído por "Aumbanda" e posteriormente se popularizando como "Umbanda".[27]
As sete linhas que foram ditadas para a formação da Umbanda são: Oxalá, Iemanjá, Ogum, Iansã, Xangô, Oxossi e Exu. Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000 tendas a partir das acima mencionadas. Zélio nunca usou como profissão a mediunidade, sempre trabalhou para sustentar sua família e muitas vezes manter os templos que o Caboclo fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo o que dizem parecia um albergue. Nunca aceitar a ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele. O ritual sempre foi simples.
Nunca foi permitido sacrifícios de animais. Não utilizavam atabaques ou qualquer outros objetos e adereços. Os atabaques começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da Piedade não utiliza em seu ritual até hoje. As guias usadas eram apenas as determinadas pelas entidades que se manifestavam. A preparação dos médiuns era feita através de banhos de ervas e do ritual do amaci, isto é, a lavagem de cabeça onde os filhos de Umbanda fazem a ligação com a vibração dos seus guias.
Após 55 anos de atividade, entregou a direção dos trabalhos da Tenda Nossa Senhora da Piedade a suas filhas Zélia e Zilméia, as quais até hoje os dirigem.
Mais tarde, junto com sua esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa da Tenda e aparelho do Caboclo Roxo, fundaram a Cabana de Pai Antonio no distrito de Boca do Mato, Cachoeira do Macacú·RJ. Eles dirigiram os trabalhos enquanto a saúde de Zélio permitiu. Faleceu aos 84 anos, no dia 03 de outubro de 1975.
Dia 16 de setembro de 2010, faleceu Dona Zilméia de Moraes, a única dos quatro filhos de Zélio de Moraes, fundador da Umbanda, que ainda estava encarnada. Fica mais órfã a Umbanda a partir de agora. Deixamos aqui nossa homenagem a essa querida e doce mãe de santo. 
E assim é a umbanda. uma religião reformadora. Chegou para reformar a maneira de se chegar ao Pai Maior. Sua ritualística abrangente, permite que espíritos de diversas regiões e níveis evolutivos, se comuniquem e auxiliem no intercâmbio entre os mundos material e espiritual. Salve a Umbanda!

A  umbanda e seus diversos formatos

Bem, desde o surgimento desta prática religiosa, com o médium Zélio de Moraes, muita polêmica causou a sua ritualística simples. Em 1939, procurando acabar com tais polêmicas e buscar uma unificação ritualística, foi criada a União Espírita de Umbanda do Brasil, que determinou as práticas propostas pelo Caboclo Sete Encruzilhadas na figura de Zélio de Moraes como sendo realmente umbandistas. 
Em 1940, o escritor Woodrow Wilson da Matta e Silva apresentou a Umbanda como ciência e filosofia, criando então a Escola Iniciática da Corrente Astral do Aumbhandan, a "Umbanda Esotérica" na Tenda Umbandista Oriental, em Itacuruçá, no Rio de Janeiro.[34]
Mesmo após as tentativas de unificação, nas décadas de 40, 50 e 60 ainda existiam inúmeros terreiros no Rio de Janeiro não vinculados à União Espírita de Umbanda do Brasil principalmente por discordarem das normativas propostas pela federação e por serem consideradas "atividades isoladas". Esses terreiros realizavam práticas ritualistas sob a denominação de Umbanda, por exemplo a Tenda Espírita Fé, Esperança e Caridade e Pai Luiz D'Ângelo, praticante do segmento Umbanda de Almas e Angola.[35]
Em 1941 a UEUB organizou sua primeira conferência, o I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda[36] como forma de tentar definir e codificar a Umbanda como como uma religião por seu direito e como uma religião que une todas as religiões, raças e nacionalidades. A conferência também promoveu uma dissociação das tradições afro-brasileira.[37] Os participantes concordaram em fazer uso das obras de Allan Kardec como fundação doutrinária da Umbanda, enquanto se dissociando das outras tradições religiosas afro-brasileiras.[38] Ainda assim, os espíritos fundadores da Umbanda, os Caboclos e os Preto Velhos ainda foram mantidos como espíritos altamente evoluídos.
Em termos gerais, os participantes do Congresso se esforçaram em legitimar a Umbanda como uma religião altamente evoluída, por exemplo, afirmando que a Umbanda já existia como uma religião organizada há bilhões de anos estando então a frente de todas as outras religiões. Como parte desses esforços em definir a Umbanda como uma religião original e altamente evoluída, os participantes procuraram remover suas raízes africanas e afro-brasileiras, a origem da Umbanda foi rastreada até o Oriente, de onde disse ter se espalhado para Lemuria[39] e subsequentemente para a África. No continente africano, a Umbanda se degenerou em fetichismo[38] e nessa forma foi trazida ao Brasil pelos escravos.[40] A influência africana na Umbanda não foi de todo rejeitada mas causada por uma corrupção da tradição religiosa original, como uma fase de retrocesso em sua evolução; a Umbanda foi exposta ao barbarismo na forma de costumes vulgares e praticada por pessoas com "costumes rudes e defeitos psicológicos e étnicos"[41] Outra forma de lidar com o caráter africano da Umbanda foi exposto na compreensão que se originou na Áfricam porém na África Oriental (Egito), sendo então da parte mais "civilizada" do continente.[42]
Um dos objetivos da conferência foi então rastrear as raízes "genuínas" da Umbanda até o Oriente; a invenção das raízes orientais juntamente com a rejeição das africanas, foi refletida na definição do termo "umbanda", que é de outro modo geralmente acreditado ser derivada do idioma Banto. Declarou-se que "umbanda" vinha das palavras do sânscrito aum e bhanda, termos que foram traduzidos como "o limite no ilimitado", "Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna, evolução constante".[43] [44] A partir da década de 1950, os setores mais humildes da população umbandista composta por negros e mulatos começaram a contestar o distanciamento da Umbanda das práticas africandas, a "umbanda branca" se opunha à tendência de recuperar os valores africanos presentes na religiosidade popular.[45]
O segundo congresso ocorreu em 1961 evidenciando o crescimento da religião que teve sua imagem reconstruída pela imprensa, milhares de devotos compareceram ao Maracanãzinho com representantes de vários estados e a presença de políticos municipais e estaduais.[46] O jornal O Estado de S. Paulo noticiou a realização do congresso no Rio de Janeiro afirmando que a "preocupação central do Congresso parece ser a elaboração de um código que orientará a feitura de uma Carta Sinódica da Umbanda". No mesmo ano, o jornal Diário de S. Paulo publicou uma grande reportagem com o título "Saravá meu Pai Xangô, Saravá Mamãe Oxum", onde o jornalista descreve uma "sessão assistida pelos repórteres a convite do deputado gaúcho Moab Caldas".[47]
No terceiro congresso realizado em 1973[48] a Umbanda afirmou-se em definitivo como uma religião expressiva no campo das atividades assistenciais, além dos centros onde ocorriam as atividades espirituais, a religião contava com escolas, creches, ambulatórios etc articuladas em torno da missão de promover a caridade e a ajuda.[49]
Na década de 80, a Umbanda teve seu auge ao ser declarada como religião de muitas personalidades como os cantores Clara NunesDorival CaymmiVinícius de MoraesBaden PowellBezerra da SilvaRaul SeixasMartinho da Vila entre outros.[50]
Na década de 90 a Umbanda e outras religiões de matizes africanas foram alvo do crescente neopentecostalismo brasileiro. Nessa época também fundou-se a Faculdade de Teologia Umbandista, mantida pela Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino[51] fundada por Rigas Neto na Água Funda, São Paulo.[52]

Sim, a umbanda causou muita polêmica. Sim, a umbanda evoluiu com o tempo. A tendência ao separatismo de nós seres humanos causou e ainda causa toda essa polêmica. Bem sabemos que naturalmente, após o advento do Espiritismo no Século XIX por Allan Kardec, muitas outras ritualísticas surgiriam. Uma delas foi a umbanda. Sim, poderia ter surgido para trazer à transição de muitos rituais africanos ditos como feitichistas. Não entraremos aqui neste blog no mérito da discriminação. Zélio e seu Caboclo trouxeram uma ritualística que não exigiria sacrifício animal, e nem necessitaria de tambor. Mas nunca impuseram a abolição de seu uso. Nunca proibiram nenhuma forma de ritual. E por esta razão, muitos terreiros, desde aquela época, que ainda mantinham ritualística africana a mantiveram e se adaptaram às regras de umbanda. Algumas mantiveram sacrifício animal, sendo chamadas de umbanda traçada com a matriz da nação Angola, mas nunca utilizando tal sacrifício animal como um meio indispensável. Isto sucede até os dias atuais. Muitos outros, também incluíram a influência indígena aproveitando alguns de seus rituais. São as chamadas "umbandas de caboclo". Outras, remetendo às origens orientais, também incluíram em sua ritualística, a influência indiana, egípcia, japonesa e chinesa! São as umbandas exotéricas. Outras raízes também fazem referência aos Mestres ascencionados e são muito felizes em sua ritualística.

E este é o maior mistério da Umbanda. Afinal, ela quer aproximar o homem de Deus, fazendo jus à origem da sua palavra. Não devemos pensar que nenhuma destas ritualísticas não possam ser incluídas na umbanda, já que a bandeira que Caboclo Sete Encruzilhadas empunhou foi justamente, dar espaço aos espíritos mais simples para o trabalho de amor ao próximo. Mesmo aqueles ainda ligados a certos rituais um pouco diferentes, também seriam incluídos, sem discriminação e dado à eles, a chance de passar seus conhecimentos, e também ensinar-lhes outra forma de ritual que também poderia ser tão proveitoso quanto ao utilizado por eles anteriormente. Essa é a raíz da transição ritualística a que se propõe a umbanda! Ir nos educando, aos poucos, a somente adotar aquilo que seja realmente necessário ao ritual, sem desmerecer os rituais mais antigos. Por isso, vários formatos desta linda religião que nos aproxima do Criador. E este é um trabalho árduo e que não cessará tão cedo! Afinal, estamos mudando de Era e necessitamos, não de um "padrão" ritual, mas sim, de aproveitarmos de cada ritual já criado anteriormente, o que é bom. Como já dizia Paulo de Tarso: "Devemos extrair de tudo, o que é bom." Tudo é lícito, nem tudo convém; portanto, extraiamos aquilo que nos fará bem e também ao outro. Acima de tudo, devemos nos livrar de discursos discriminatórios e nunca nos colocarmos em posição de superioridade perante outros rituais. Todos são lícitos, nem todos convém, principalmente os que interferem e prejudicam o outro, ou a natureza que nos cerca. Portanto, extraiamos o de melhor que cada um possa oferecer. Essa é a regra primordial da umbanda. Salve!