domingo, 22 de janeiro de 2012

A Astrologia e as ervas - união perfeita

Para os homens dos séculos passados, a influência dos astros nas ervas era total. Para eles, macro e microcosmos estavam interligados de modo insolúvel, de tal forma que toda a atividade desenvolvida  pelo homem já estava escrita nas estrelas. Os planetas tinham poder sobre tudo, e cada um possuia uma função particular sobre certas coisas: animais, plantas sabores, etc. 
Os astros e os planetas eram classificados em benevolentes, favoráveis e afortunados (Júpter, Vênus e Sol), e malévolos, não favoráveis e desafortunados (Saturno, Marte e a Lua). Mercúrio possuia caráter próprio, pois poderia exercer caráter favorável, ou desfavorável, conforme a situação. O desenvolvimento fetal era levado em consideração, de acordo com a influência planetária. 
Por exemplo, Saturno era responsável por plantas de flores negras e cinzas, de tamnaho grande, odor desagradável e frutos ácidos e venenosos. Júpiter era responsável por plantas grandes e frondosas, de flores brancas e azuis, inodoras e de frutos ligeiramente ácidos. Marte englobava plantas de frutos venenosos, odor picante, flores vermelhas e pequenas, e de tamanho pequeno e espinhosas. 
O Sol era responsável por plantas agridoces, bastante aromáticas, de flores amarelas, tamanho médio. Vênus englobava as plantas pequenas e floridas, de flores belas e alegres, de odor agradável e fino, com frutos açucarados. Maercúrio era responsável pelas plantas de tamanho irregular, flores brancas, odor muito suave e frutos insípidos. Além dessa influência geral, cada planeta era também responsável por uma parte da planta: Saturno pela raíz, marte sobre caule e tronco, Lua sobre as folhas, Vênus sobre flores e Júpiter sobre o fruto.
Os signos do zodíaco também exerciam influência sobre os vegetais, que devia ser combinada com a dos astros, para formar uma trama cada vez mais complexa. O signo de Áries influenciava as plantas cálidas e secasdominadas pelo elemento fogo. Produziam flores amarelas e folhas de talos frágeis. Seu aroma era o da mirra. As plantas sob o signo de Touro eram frias e secas, dominadas pelo elemento Terra. Eram plantas com sabor azedo e odor suave, que geravam flores andróginas e talos muito altos. O signo de Gêmeos dominava plantas quentes e ligeiramente úmidas, cujo elemento era o ar. Suas flores eram brancas ou pálidas, de folhas bem verdes e sabro doce. Sob o signo de Câncer estavam as plantas frias e úmidas, cujo elemento era a água. Tratava-se de plantas insípidas, cujo habitat eram os terrenos pantanosos, produziam flores brancas ou acinzentadas. Leão era o signo das plantas cálidas e secas, dominadas pelo elemento fogo. Suas flores avermelhadas e seus frutos com formato de estômago ou coração eram especiais. Virgem exercia poder sobre plantas frias e secas, do elemento Terra. Plantas trepadeiras com tecidos celulares duros que se rompem com facilidade, folhas e raízes semelhantes a intestinos humanos e flores com cinco pétalas eram exemplos daquelas influenciadas por este signo. Libra dominava plantas quentes, úmidas e aéreas, flores com formatos diferentes, caules altos e lfexíveis que cresciam preferencialmente em terrenos rochosos. Escorpião englobava plantas quentes e úmidas, de gosto insípido, aquosas e de odor fétido. Sagitário dominava as plantas secas e quentes, amargas e sujeitas ao elemento fogo. As plantas sob o signo de Capricórnio eram frias e secas. O elemento Terra predominava. Suas flores eram verdes e sua seiva tóxica. As plantas sob o domínio de Aquário são ligeiramente cálidas e úmidas, dominadas pelo ar e muito aromáticas. Peixes dominava as plantas frias e úmidas dominadas pela água, com sabor levemente perceptível e habituadas a crescer em lugares frescos e sombreados, perto de lagos e pântanos.

A importância das horas planetária na colheita das plantas

É muito importante, em todo círculo religioso, seja esotérico, africano, ou católico, a hora da colheita das plantas. Por exemplo, no candomblé, ou na umbanda há rituais feitos com as ervas, que necessitam ser colhidas em determinados horários, pois asssim acredita-se que os orixás irão encantar de fato essas plantas. Nos rituais de sassanha do candomblé há ervas que não podem ser cultivadas, fora do horário da madrugada, e outras ao amanhecer, ou ao anoitecer. Diz-se dentro do culto, que, se estes horários não forem obedecidos òssànyín, o senhor das ervas e dos vegetais não as encanta e desperta.Ele é quem permite que sejam emitidas as energias primordiais das plantas, para a realização do orô.
Os europeus antigos também obedeciam algumas regras. As plantas sempre deviam ser colhidas com o céu sereno e se devia considerar o planeta influente em cada hora. Assim, o Sol influi na primeira hora de domingo; a Lua, na de segunda-feira; Marte, na terça-feira; Mercúrio, na quarta-feira; Júpiter, na quinta-feira; Vênus, na sexta e Saturno, no sábado. Cada planeta exercia sua influência sobre um determinado grupo de plantas que deviam ser colhidas na hora planetária correta, para possuir toda a sua virtude. 

A noite de São João e sua importância na colheita e encantamento das plantas

É uma das noites mais importantes na tradição popular, por conta do solstício de verão, desde os tempos remotos sendo objeto de celebração. Nessa época acreditavam que o Sol não voltaria ao seu explendor total, pois os dias se tornavam mais curtos. Por isso, acendiam fogueiras, e se realizavam todo o tipo de rituais vinculados ao fogo, para simbolizar opoder do Sol, ajudando-o a renovar sua energia. Muitas vezes se saltava e pulava em volta do fogo, para se purificar e se proteger de influências demoniacas, assegurando o renascimento do Sol. Isso tudo bem antes da religião católica se instituir no planeta. Pela tradição Asturiana são sete as ervas dedicadas à noite de São João: sálvia, aquiléia, mil-folhas, crisântemo silvestre, hera-terrestre, gilbarbeira, artemísia e hipérico. De todas elas, a de maior importância é a artemísia (erva-de-sãoJoão) que deve seu nome à deusa grega Artêmis, irmã de Apolo, chamada pelos romanos de Diana, a caçadora.
A planta sálvia também tem um importante caráter mágico. Tem este nome por conta de suas propriedades curativas, pois é a planta da longevidade por exelência. Conta-se que existam exemplares dessa planta que se conectam às pessoas e florescem ou secam, de acordo com a sorte delas. Foi utilizada para expulsar os espíritos do mal e os demônios. 
A mil-folhas (aquiléa), é sicatrizante e comestível em forma de salada. Era muito usada pelas bruxas austrianas, para potencializar seus poderes adivinhatórios.
O crisântemo silvestre tem suas raízes comestíveis, e suas folhas picadas  servem para aromatizar doces. sua flor é branca e solitária, apreciada para enfeitar coroas. Simboliza o Sol, a perfeição, a imortalidade. 
A hera-terrestre é medicinal e comestível. Usa-se triturada para invocar determinados espíritos da natureza. Não deve ser confundida com a hera-trepadeira, cujas flores são de cor verde-amarela, e suas bagas negro-azuladas são venenosas. 
Bem, pode-se notar que é muito antiga essa relação mágica entre as plantas, os planetas e os signos do zodíaco, onde todas as religiões atuais, de uma forma ou de outra, expressam em seus rituais sagrados. Em umbanda, por exemplo, pode-se perceber que na consulta com um preto-velho, ele, ao receitar infusões, chás, unguentos e banhos, menciona a melhor Lua para que tais recursos sejam usados, e a melhor hora para colher tais ervas, se for o caso. Hoje em dia, com os ambulantes vendedores de ervas, ou outros locais, o ato de colher a erva que será utilizada se extinguiu um pouco. Mas ainda, em casas dos subúrbios brasileiros, onde os quintais possuem ainda jardins frondosos ricos em flores e ervas medicinais, essas atitudes ainda são levadas em conta. Quem nunca ouviu uma avó, ou ancião conhecido dizer que é muito melhor colher folhas de colônia para um banho de descarrêgo, até às desessete horas da tarde no máximo, por conta de que à noite, a colônia adormece e perde seu poder restaurador e curativo? Quem nunca ouviu dizer que é muito bom mulheres tomarem banho de rosas vermelhas para equilibrar a energia sexual, na Lua cheia e atrair amores? Qual candomblecista já não participou da cerimônia da roda de Xangô, onde os médiuns mais antigos cantam ao orixá e dançam envolta de uma grande fogueira, para pedir prosperidade e saúde? Relacionado a isso, antes do evento há os orôs com banhos de ervas purificadoras, preparadas para tal fim. Isto ainda é vivo na sociedade atual e não pode ser perdido, por conta da tecnologia nem da urbanização. Essa identidade vegetal deve ser resgatada o quanto antes, para que o homem não perca sua essência e seu poder de auto-cura e prosperidade.



sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

As propriedades medicinais e mágicas das plantas, ao longo da história

Até o Século XVIII, momento em que a Botânica é proclamada como ciência independente, responsável pelo estudo e classificação vegetal, o seu uso medicinal era usado indistintamente por boticários e médicos.  A disciplina que estudava as plantas e sus usos medicinais era chamada de Materia medica e era a principal doutrina juntamente com a arte de manipular medicamentos, objeto de estudo dos boticários de antigamente. Desde as civilizações mais antigas, o ser humano se dedica em aperfeiçoar e aumentar o cultivo de plantas para sua alimentação e medicina, através do conhecimento oral passado de geração em geração pelos antigos e pelas primeiras obras registradas na história. Até o século XIX os medicamentos eram feitos, quase em sua totalidade, a partir de plantas que o boticário se encarregava de cultuivar e colher para preparar suas misturas. A terapia vegetal é menos eficaz que a química, pois os efeitos são mais suaves. Em contrapartida observa-se um menor número de efeitos colaterais. 
Hoje em dia, parece-nos muito fácil conhecer as propiedades das plantas, bastando consultar um bom livro, ou uma rede reconhecida na internet. Mas como os antepassados souberam para que servia cada planta? Lendo o livro da natureza. Era preciso buscar nos vegetais os sinais que identificassem sua utilidade. Essa era a 'mágica' da coisa. bastava uma planta ter o formato de um coração, para ela ser utilizada para males deste tipo. Era o princípio uiniversal da lei da semelhança. ou teoria dos sinais, que dizia que todo vegetal estava marcado pela nmatureza e era bom para aquilo que indicava. As folhas de sálvia, com seu formato de língua, textura característica semelhante às pailas gustativas, era usada para para doenças da boca. As folhas de erva-de-são-joão, cheias de pontinhos transparentes, eram associadas a propriedades cicatrizantes. O olho do Diabo, semelhante ao órgão genital masculino, foi utilizado como afrodisíaco para o gado. Daí seu nome em latim: Ithiphalus impudicus. é claro que nem sempre os antigos e seus sinais estavam certos sobre os sinais das plantas, mas a maioria dessas observações intuitivas dos antigos é correta. Hoje, temos a vantagem do avanço científico, para comprovarmos a utilidade e/ou os perigos de usar uma amostra vegetal, ou não. Devemos aproveitar esses conhecimentos antigos e aplicar no nosso cotidiano, quando possível, pois reaprocimar-se da natureza faz-nos aproximar de nossa própria essência e nos torna mais saudáveis.
A religião de base africana, como candomblé e a umbanda vem resgatar isso. Buscando pela doutrina da oralidade, o caminho para curar males do corpo e também do espírito, e encontrando resultados em suas buscas. hoje em dia, há relatos inúmeros sobre a ação curativa do uso das ervas em religiões como essas e nos tratamentos holísticos que eles desenvolvem. E a ciência também vem caminhando no aprofundamento do estudo das artes holísticas em geral, tais como a radiestesia, a apometria e outros que uma ora ou outra, se cruzam com os rituais adotados pelos umbandistas e candomblecistas. É a comprovação científica auxiliando no processo de afirmação destes rituais. Isso é algo interessante, pois o homem, ao invés de se afastar da sua via natural, mesmo com a tecnologia e seus desvios do mundo espiritual, acaba voltando as suas origens pelas vias da própria tecnologia. É a maravilha da evolução espiritual que sempre arruma uma maneira para acontecer. 
Por isso, aqui neste espaço não pode deixar de falar sobre o ritual da sassain, ou sassanha falando abrasileiradamente, do ritual utilizado nos terreiros de candomblé de encantamento das folhas para os oros (rituais) específicos. Este ritual é de suma importância no culto, pois potencializa as folhas sagradas para o momento de sua utilização, seja para o corte de um animal, seja para a potencialização de um banho de ervas, ou para o uso curativo  através de unguentos e chás. é quando òsànyín se faz mais importante, pois é ele o orixá responsável pelo poder das folhas.


Mitos e lendas sobre as plantas

Ao longo do tempo o mundo vegetal tem testemunhado todo tipo de lendas e especulações. Desde suas origens mitológicas, até suas orientações mágicas, as plantas são utilizadas pelo homem com finalidadedes variadas: curar a tristeza, exorcisar os possúidos, encontrar a pessoa amada, proteger de raios e tempestades, trazer sorte, etc.
As virtudes das plantas tornavam as pessoas que as manipulavam no seu meio social, com extraordinário poder, e com isso o conhecimento botânico ficou circusncrito, tradicionalmente, a determinados grupos. As culturas arcaicas as depositaram nos Xamãs. Os gregos antigos cultivavam a figura de Rhizotomo, especialista em herboristesia medicinal e do Pharmacopola conhecedor e comercienate dos medicamentos vegetais. Os medievais começaram a distinguir entre os conhecedores cultos sobre os vegetais, que ficava nas mãos de médicos, botânicos e boticários, e entre o conhecimento popular representado pelas feiticeiras e bruxas, mulheres sábias que auxiliavam nas enfermidades e nos males de amor o grande coletivo campestre que não podia pagar os excessivos emolumentos dos médicos e boticários, oficialmente aprovados para exercer seus ofícios.
Com isso, estabeleceram-se duas mentalidades, os dos estudiosos e eruditos, que desprezavam a mentalidade popular, supersticiosa e crente totalmente no poder mágico das plantas, e a das pessoas simples, que recorriam a ditos feiticeiros, e magos para curarem seus males. 

As plantas e sua vinculação a deidades espirituais e lendárias

Não poderíamos deixar de falar sobre a vinculação das plantas com as deidades espirituais e lendárias do planeta, tais como as gregas, orientais e africanas. É maravilhoso ver que estas culturas, apesar de aparentemente distantes se assemelham no que diz respeito a sincretismo. Por exemplo, Gaia, Géia, Gea ou Gê era a titânide (ou titanesa) da Terra, a Mãe Terra, como elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora quase absurda. Segundo Hesíodo, no princípio surge o Caos, e do Caos nascem Gaia, Tártaro, Eros (o amor), Érebo e Nix (a noite). Gaia gera sozinha Urano, Ponto e as Óreas (as montanhas). Ela gerou Urano, seu igual, com o desejo de ter alguém que a cobrisse completamente, e para que houvesse um lar eterno para os deuses "bem-aventurados".
Com Urano, Gaia gerou os 12 Titãs: Oceano, Céos, Crio, Hiperião, Jápeto, Téia, Reia, Têmis, Mnemosine, a coroada de ouro Febe e a amada Tétis; por fim nasceu Cronos, o mais novo e mais terrível dos seus filhos, que odiava a luxúria do seu pai.
Após, Urano e Gaia geraram os Ciclopes e os Hecatônquiros (Gigantes de Cem Mãos). Sendo Urano capaz de prever o futuro, temeu o poder de filhos tão grandes e poderosos e os encerrou novamente no útero de Gaia. Ela, por raiva trama várias empreitadas para ter condições de parir seus filhos queridos, mas sempre era impedida, seja por seu marido, seja por seus filhos que temiam o poder destes que poderiam nascer de seu seio. 
Em uma outra oportunidade, Gaia produziu uma planta que ao ser comida poderia dar imortalidade aos Gigantes; todavia a planta necessitava de luz para crescer. Mas ao saber disto Zeus ordenou que Hélios, Selene, Eos e as Estrelas não subissem ao céu, e escondido nos véus de Nix, ele encontrou a planta e a destruiu. Mesmo assim Gaia incitou os Gigantes a colocarem as montanhas umas sobre as outras na intenção de subir o céu e invadir o Olimpo. Mas Zeus e os outros deuses venceram novamente.
Como última alternativa, enviou seu filho mais novo e o mais horrendo, Tifão para dar cabo dos deuses e seus aliados, mas os deuses se uniram contra a terrivel criatura e depois de uma terrivel e sangrenta batalha, eles conseguem vencer o último filho de Gaia.
Enfim, Gaia cedeu e acordou com Zeus que jamais voltaria a tramar contra seu governo. Dessa forma, ela foi recebida como uma deusa Olímpica.
 Isto demonstra a relação entre os deuses e vegetais, e remet e o motivo pelo qual alguns vegetais são atribuídos a algumas deidades sagradas. 
Na cultura africana, sabemos que o candomblé também adota esta característica em sua liturgia, dando a cada orixá uma folha característica e encantada que reúne a força daquele orixá, ou a fonte de bioplasma de onde tal orixá retira energia vital para atuar sobre a vida dos seus filhos e sobre a natureza. José Flávio pessoa de Barros, em sua obra Ewê Òrìsà - uso litúrgico e terapêutico dos vegetais  nas casas de candomblé Jêje-nagô fala dessa relação dos orixás com os vegetais. Por exemplo, sabe-se de uma lenda relacionada à òsànyín, que este detentor das forças e encantos das folhas, guardava estes poderes em segredo, até que Xangô, intrigado e precavido quanto ao poder dado a este orixá, decidiu que cada um deveria deter este conhecimento e não ficar tão dependente de òsànyín. Convocou Iansã, deusa dos ventos para a tal empreitada. Iansã, fiel a xangô, ordenou uma ventania até òsànyín, que derrubou sua cabaça com as folhas sagradas e as embalou ao vento, espalhando-as. Osànyín, muito surpreso, correu atrás de seu tesouro e gritava Ewê, òsà! (Oh, folhas!) e as atraía novamente para sua cabaça. Com a ventania, cada orixá correu atrás das folhas que pudessem pegar e cada um, pegou uma folha, que hoje é direcionada a eles. Mas nunca conseguem encantá-las sem que òsànyín as encante e permita que elas sejam utilizadas. Xangô, percebendo que tal poder dado a òsànyín não póderia ser dividido, reconheceu neste orixá uma utilidade verdadeira e aceitou sua função no planeta. Por isso, hoje, nenhum terreiro pode viver sem esta deidade.
Baseado nos estudos de José Flávio Pessoa de Barros posso aqui relatar a utilidade de algumas como exemplo, pois reservarei um tópico especial para isso:

Akòko - de nome popular acocô é uma planta diretamente ligada à Òsànyín e a Ogum de elemento Terra e masculino. É originária da África e aclimatada no Brasil, mais precisamente na Bahia. Na África é atribuída à prosperidade, pois é colocada nas portas dos mercados sua estaca, e quando os feirantes vão embora, os galhos enterrados brotam, dando origem a novas árvores. Na cidade de Iré, na África, local de culto a Ogum, são depositados os assentamentos deste orixá. No Brasil as folhas deste vegetal são utilizadas nos rituais de iniciação, no àgbo e em banhos para todos os iniciados, independente de qual seja seu orixá. São colocadas em oferendas e podem em substituição a são gonçalinho, ser espallhadas no terreiro em dias de festas. Cultuada como árvore sagrada é utilizado tanto no culto aos orixás quanto nos terreiros egúngún, onde se cultuam os ancestrais ilustres, na Bahia.
Apáòká - a popular jaqueira é ligada diretamente aos orixás Apáòká (qualidade mais antiga de Yamim Osoronga - a mãe de Oxossi), Xangô e Exu, de elemento fogo e masculino. é originária da ìndia, mas encontra-se disseminada por diversas regiões tropicais e subtropicais do mundo, inclusive África e Brasil. Apáòká é o nome de uma entidade fitomórfica cultuada em uma jaqueira. Nas casas mais antigas dos candomblés de origem Jêje-nagô, esta árvore é ornada com grandes laços de tecido que a distinguem como sagrada. Em suas raízes, potes de barro contendo água também sinalizam o sagrado. As folhas da jaqueira são utilizadas para assentar Exu e em banhos para os filhos de Xangô; porém seu fruto não deve ser comido por seus iniciados. Na África, a jaqueira também é conhecida pelo nome iorubá tapónurin, de acordo com os estudos de Pierre Verger. Os caroços da jaca, assados ou cozidos, lembram castanha portuguesa e são tidos como afrodisíacos. Na medicina popular este vegetal é usado como estimulante, antidiarréico, antiasmático, antitussígeno e expectorante.


História da influência das ervas no cotidiano do homem, desde tempos longíncuos

Não poderia deixar de mencionar aqui, o poder das folhas e sua influência no cotidiano do homem, já que este blog foi e será dedicado a falar também desta deidade tão ligada à natureza vegetal que é Òsanyín.

O homem não pode se destacar da natureza. Tudo no planeta está interligado e necessita da troca de energias entre as formas para continuar pulsando. Esta é a raiz da vida e este é o domínio de Ósanyìn. Ele, o responsável pela execução da fotossíntese, e na fabricação de oxigênio pela troca energética da respiração animal, que nos proporciona o gás carbônico, é o grande "farmacêutico" e cientista do astral, que processaa o mecanismo metabólico pelo qual o oxigênio é gerado, e assim mantém a vida na Terra.  Por esta razão, aqui será o espaço onde saberemos, ou buscaremos reter da melhor forma, o conhecimento sobre os vegetais e sua influência histórica na vida do homem, unindo ciência e religião numa busca incessante pela exaltação da Mãe Terra.

O uso das ervas litúrgicas data dos primórdios da humanidade e remete a povos obscuros, tais como o povo Atlantis, que tinha como recurso bélico, científico e religioso, o uso daquilo que provinha da natureza, que eram os animais e os vegetais. 
A mais antiga menção conhecida sobre a Atlântida foi feita pelo filósofo grego Platão (428-347 a.C.) em dois dos seus diálogos (Timeu e Crítias).[3] Platão conta-nos que Sólon, no curso das suas viagens pelo Egito, questiona um sacerdote que vivia em Sais, no delta do Nilo, e que este lhe fala de umas tradições ancestrais relacionadas com uma guerra perdida nos anais dos tempos entre os atenienses e o povo atlante. Segundo o sacerdote, o povo de Atlantis viveria numa ilha localizada para além dos pilares de Heracles, onde o Mediterrâneo terminava e o Oceano começava. Quando os deuses helênicos partilharam a terra, conta o sacerdote, a cidade de Atenas ficou para a deusa Atena e Hefesto, mas Atlântida tornou-se parte do reino de Poseidon, deus dos mares.
Em Atlântida, nas montanhas ao centro da ilha, vivia uma jovem órfã de nome Clito. Conta a lenda que Poseidon ter-se-ia apaixonado por ela e, para poder coabitar com o objeto da sua paixão, teria erguido uma barreira constituída por uma série de muralhas de água e fossos aquíferos em volta da morada da sua amada. Desta maneira viveram por muitos anos, e desta relação nasceram cinco pares de gêmeos. O mais velho, o deus dos mares chamou Atlas. Após dividir a ilha em dez áreas circulares, o deus dos mares concedeu supremacia a Atlas, dedicando-lhe a montanha de onde Atlas espalhava o seu poder sobre o resto da ilha.
Em cada um dos distritos (anéis terrestres ou cinturões), reinavam as monarquias de cada um dos descendentes dos filhos de Clito e Poseidon. Reuniam-se uma vez por ano no centro da ilha, onde o palácio central e o templo a Poseidon, com os seus muros cobertos de ouro, brilhavam ao sol. A reunião marcava o início de um festival cerimonioso em que cada um dos monarcas dispunha-se à caça de um touro. Uma vez o touro caçado, beberiam do seu sangue e comeriam da sua carne, enquanto sinceras críticas e cumprimentos eram trocados à luz do luar.
Atlântida seria uma ilha de extrema riqueza vegetal e mineral. Não só era a ilha magnificamente prolífica em depósitos de ouro, prata, cobre, ferro, etc., como ainda de oricalco, um metal que brilhava como fogo.

Os reis de Atlântida construíram inúmeras pontes, canais e passagens fortificadas entre os seus cinturões de terra, cada um protegido com muros revestidos de bronze no exterior e estanho pelo interior. Entre estes brilhavam edifícios construídos de pedras brancas, pretas e vermelhas.
Tanto a riqueza e a prosperidade do comércio, como a inexpugnável defesa das suas muralhas, se tornariam imagens de marca da ilha.
Pouco mais se sabe de Atlântida. Segundo Platão, foi destruída por um desastre natural (possivelmente um terremoto ou maremoto) cerca de 9000 anos antes da sua era. Segundo Roger Paranhos, em seu livro Akhenaton - A revolução espiritual do antigo Egito[4] o continente de Atlântida foi destruído por um cometa. Talvez essa teoria possa ser corroborada pela hipótese do Cometa Clóvis [5], segundo a qual uma explosão aérea ou um impacto de um ou mais objetos do espaço sobre a Terra, ocorrido entre 12.900 e 10.900 anos atrás, desencadeou um período glacial conhecido por Dryas Recente e pode ter atingido o continente perdido e o submergido.
Crê-se ainda que os atlantes teriam sido vítimas das suas ambições de conquistar o mundo, acabando por ser dizimados pelos atenienses.
Outra tradição completamente diferente chega-nos por Diodoro da Sicília, segundo o qual os atlantes seriam vizinhos dos líbios e teriam sido atacados e destruídos pelas amazonas.
Segundo outra lenda, o povo que habitava a Atlântida era muito mais evoluído que os outros povos da época e, ao prever a destruição iminente, teria emigrado para a África, sendo os antigos egípcios descendentes dos atlantes.

Na cultura pop do séc. XX, muitas histórias em quadrinhos, filmes e desenhos animados retratam Atlântida como uma cidade submersa, povoada por sereias ou outros tipos de humanos subaquáticos.
Acredita-se que o berço de todas as religiões vem deste povo. Eles, com sua magnífica capacidade extrasensorial e inteligência, foram os responsáveis pela criação dos primeiros povos da Terra e pelo sentimento religioso. O povo egípcio é a mais fiel cópia deste povo desaparecido. Mas isto é uma história que vamos debater em outro tópico. O que mais marcou neste povo, além de sua capacidade magnética e extrasensorial, foi o uso dos recursos naturais de forma consciente. As primeiras poções e encantos parecem ter surgido de lá. Muito se perdeu com seu desaparecimento, mas muito foi espalhado entre os povos do mundo, sendo o principal, ou senão, o mais comentado,  o povo egipcio. 
O uso das folhas sempre foi a maneira de curar enfermidades, de adornar objetos religiosos e fonte de poder. Talvez tenha sido daí extraído a figura de Ósanyín e de muitos outros seres espirituais que hoje habitam e fazem parte da história espiritual dos povos.

Indo mais a frente no tempo, com a chegada do Renascimento, diversos monarcas, príncipes e poderosos encomendaram a construção de jardins faustosos, anexos às suas casas. A paixão pela natureza, o conhecimento do mundo vegetal e o acúmulo de plantas exóticas vindas dos confins do mundo não foram, contudo, as únicas razões que levaram a tal tarefa jardineira. Vejamos o exemplo do Jardim de Bomarzo, mandado construir por Vicino Orsini nas redondezas de Viterbo, um bosque iniciático, onde a presença de figuras mitológicas recriava todo um significado simbólico que ainda hoje suscita interesse entre os estudiosos. Ou, o Jardim que  Felipe II mandou construir em Aranjuez, exmplo máximo do urbanismo paisagístico que serviu de matéria-prima de elixires e essências medicinais fabricados com técnicas alquímicas graças ao trabalho de jardineiros, destiladores e herboristas.

Ao longo dos anos, esse duplo significado do mundo vegetal foi moeda de uso corrente entre os homens antigos. Estes, que buscavam na natureza signos e sinais do mágico, misterioso e oculto e que atualmente se perdeu, por conta da industrialização.

O Centauro Quíron e a história da Medicina vegetal ao longo do tempo

Plínio, grande enciclopedista da Antiguidade, conta que o Centauro Quíoron foi o primeiro herborista e boticário da humanidade. Quíron (em grego: Χείρων, transl. Kheíron, "mão"[Nota 1]), na mitologia grega, era um centauro, considerado superior por seus próprios pares. Ao contrário do resto dos centauros que, como os sátiros, eram notórios por serem bebedores contumazes e indisciplinados, delinqüentes sem cultura e propensos à violência quando ébrios, Quíron era inteligente, civilizado e bondoso,[1] e célebre por seu conhecimento e habilidade com a medicina. De acordo com um mito arcaico[2] foi criado por Cronos (Saturno, para os romanos), que, depois de ter assumido a forma de um cavalo para se esconder de sua esposa, Réia, engravidou a ninfa Filira.[3] A linhagem de Quíron também era diferente dos outros centauros, que eram filhos do Sol e das nuvens de chuva; os gregos do período clássico consideravam-nos frutos da união entre o rei Ixíon, atado permanentemente a um disco de fogo no Tártaro, e Nefele ("nuvem"), que Zeus teria criado à forma e semelhança de Hera.

Abandonado, Quíron foi encontrado por Apolo, que o criou como pai adotivo e lhe ensinou todos os seus conhecimentos: artes, música, poesia, ética, filosofia, artes divinatórias e profecias, terapias curativas e ciência. Tradicionalmente habitava o Monte Pélion. Ali se casou com Cariclo, também uma ninfa, que lhe deu três filhas: Hipe (Melanipe ou Euípe), Endeis e Ocírroe, além de um filho, Caristo. Grande curandeiro, astrólogo e um respeitado oráculo, Quíron era tido como o último dos centauros, e altamente reverenciado como professor e tutor. Entre seus pupilos estavam diversos heróis, como Asclépio, Aristeu, Ajax, Enéas, Actéon, Ceneu, Teseu, Aquiles, Jasão, Peleu, Télamon, Héracles, Oileu, Fênix e, em algumas versões do mito, Dioniso.

Ele ficou conhecido pelo conhecimento de medicamentos simples. Diz a lenda que Apolo, lhe confiou a educação de seu próprio filho Asclépio, Deus da Medicina e desta maneira a humanidade recebeu o conhecimento das propriedades medicinais das plantas. Pode-se perceber então, que desde as origens da vida na Terra, o homem utiliza o que a natureza dispões para se alimentar, vestir e curar. Segundo a doutrina galena, formulada pelo médico Galeno de Pérgamo no primeiro século de nossa era,  o Reino Animal proporciona alimentos; o vegetal, medicamentos, o mineral venenos. Mas isso hoje já foi ampliado, pois sabemos que tudo cura, mata e alimenta, independente de sua natureza animal, vegetal, ou mineral. Até porque mesmo naquela época, os receituários antigos continham minerais e animais curativos, ervas venenosas e outros.

O tempo faz com que este conhecimento se perca entre os homens,, principalmente com o advento da industrialização nos séculos seguintes. Mas, os historiadores buscando a origem dos ensinamentos, acharam um dos primeiros escritos sobre o tema, o Papiro Ebers, com mais de 3.500 anos de antiguidade. Denominado assim por seu tradutor, o egiptólogo George Moritz Ebers, foi encontrado na cidade de Luxor. Trata-se do mais importante escrito sobre Medicina Egípcia, onde se identifica cerca de 150 plantas de utilidade terapêutica. Os primeiros estudos dedicados exclusivamente ao mundo vegetal devem-se a Teofrasto (372-288 a.C.), discípulo de Aristóteles e autor de duas grandes obras. A primeira Historia palntarum, era um tratado de nove volumes sobre morfologia, geobotânica, farmacognosia e classificação. A segunda, De causis palntarum constava de seis volumes e tratava de temas referentes a germinação, desenvolvimento, florescimento, frutificação e proliferação . Mais adiante, houve a obra do enciclopedista romano Plínio(23-79), unico autor do Império Romano que se destacou por seus estudos botânicos. Escreveiu uma enciclopédia Naturalis historia de trinta e sete volumes, onde metade eram  dedicados a botânica. Compilou quase, senão todo o saber botânico da época, fazendo refer~encia a usos, costumes e lçendas sobre as plantas da antiguidadade, cerca de dois mil escritos de autores gregos e romanos. E com ele muitos outros, como Pedáneo Discórides Anazarbo, cirurgião de Nero grande conhecedor e pesquisador das plantas medicinais. Os textos de Discórides, após invenção da imprensa, foi editado inúmeras vezes e tido como referência médica  da época da Idade Moderna na Europa.: De materia medica, a bíblia das plantas medicinais para os amantes das plantas nos mil e quinhentos anos seguintes.

Com a colonização das Américas pelos espanhóis, o interesse e entusiasmo pelas plantas aumentou. Desde as primeiras explorações, o intercãmbio entre as duas culturas se fez, ampliando conhecimentos entre o Velho e o Novo mundo, desde o século XVI. Inúmeras obras sobre as plantas daquela localidade foram publicadas e dessa forma, o espectro mágico vegetal aumentou consideravelmente.

O momento crucial foi então no Século XVIII, com a classificação taxonômica e seus critérios criados pelo médico sueco Carl V. Linné (1707-1778) que universalizou os nomes das plantas e dos animais e facilitou os estudos e pesquisas.

Bem, este artigo é um pouco da história da influência do mundo vegetal na vida cotidiana do homem. E é aí que encontramos a afinidade e interação entre o homem e Divindade Ósanyín, que também é muito antiga e talvez esteja inseridsa desde estes tempos, ou tempos mais antigos ainda, já que a população africana também interagia com os povos circundantes, tais como Romanos, egipcios e outros. Mas isto comentaremos em outro tópico.