domingo, 22 de janeiro de 2012

A Astrologia e as ervas - união perfeita

Para os homens dos séculos passados, a influência dos astros nas ervas era total. Para eles, macro e microcosmos estavam interligados de modo insolúvel, de tal forma que toda a atividade desenvolvida  pelo homem já estava escrita nas estrelas. Os planetas tinham poder sobre tudo, e cada um possuia uma função particular sobre certas coisas: animais, plantas sabores, etc. 
Os astros e os planetas eram classificados em benevolentes, favoráveis e afortunados (Júpter, Vênus e Sol), e malévolos, não favoráveis e desafortunados (Saturno, Marte e a Lua). Mercúrio possuia caráter próprio, pois poderia exercer caráter favorável, ou desfavorável, conforme a situação. O desenvolvimento fetal era levado em consideração, de acordo com a influência planetária. 
Por exemplo, Saturno era responsável por plantas de flores negras e cinzas, de tamnaho grande, odor desagradável e frutos ácidos e venenosos. Júpiter era responsável por plantas grandes e frondosas, de flores brancas e azuis, inodoras e de frutos ligeiramente ácidos. Marte englobava plantas de frutos venenosos, odor picante, flores vermelhas e pequenas, e de tamanho pequeno e espinhosas. 
O Sol era responsável por plantas agridoces, bastante aromáticas, de flores amarelas, tamanho médio. Vênus englobava as plantas pequenas e floridas, de flores belas e alegres, de odor agradável e fino, com frutos açucarados. Maercúrio era responsável pelas plantas de tamanho irregular, flores brancas, odor muito suave e frutos insípidos. Além dessa influência geral, cada planeta era também responsável por uma parte da planta: Saturno pela raíz, marte sobre caule e tronco, Lua sobre as folhas, Vênus sobre flores e Júpiter sobre o fruto.
Os signos do zodíaco também exerciam influência sobre os vegetais, que devia ser combinada com a dos astros, para formar uma trama cada vez mais complexa. O signo de Áries influenciava as plantas cálidas e secasdominadas pelo elemento fogo. Produziam flores amarelas e folhas de talos frágeis. Seu aroma era o da mirra. As plantas sob o signo de Touro eram frias e secas, dominadas pelo elemento Terra. Eram plantas com sabor azedo e odor suave, que geravam flores andróginas e talos muito altos. O signo de Gêmeos dominava plantas quentes e ligeiramente úmidas, cujo elemento era o ar. Suas flores eram brancas ou pálidas, de folhas bem verdes e sabro doce. Sob o signo de Câncer estavam as plantas frias e úmidas, cujo elemento era a água. Tratava-se de plantas insípidas, cujo habitat eram os terrenos pantanosos, produziam flores brancas ou acinzentadas. Leão era o signo das plantas cálidas e secas, dominadas pelo elemento fogo. Suas flores avermelhadas e seus frutos com formato de estômago ou coração eram especiais. Virgem exercia poder sobre plantas frias e secas, do elemento Terra. Plantas trepadeiras com tecidos celulares duros que se rompem com facilidade, folhas e raízes semelhantes a intestinos humanos e flores com cinco pétalas eram exemplos daquelas influenciadas por este signo. Libra dominava plantas quentes, úmidas e aéreas, flores com formatos diferentes, caules altos e lfexíveis que cresciam preferencialmente em terrenos rochosos. Escorpião englobava plantas quentes e úmidas, de gosto insípido, aquosas e de odor fétido. Sagitário dominava as plantas secas e quentes, amargas e sujeitas ao elemento fogo. As plantas sob o signo de Capricórnio eram frias e secas. O elemento Terra predominava. Suas flores eram verdes e sua seiva tóxica. As plantas sob o domínio de Aquário são ligeiramente cálidas e úmidas, dominadas pelo ar e muito aromáticas. Peixes dominava as plantas frias e úmidas dominadas pela água, com sabor levemente perceptível e habituadas a crescer em lugares frescos e sombreados, perto de lagos e pântanos.

A importância das horas planetária na colheita das plantas

É muito importante, em todo círculo religioso, seja esotérico, africano, ou católico, a hora da colheita das plantas. Por exemplo, no candomblé, ou na umbanda há rituais feitos com as ervas, que necessitam ser colhidas em determinados horários, pois asssim acredita-se que os orixás irão encantar de fato essas plantas. Nos rituais de sassanha do candomblé há ervas que não podem ser cultivadas, fora do horário da madrugada, e outras ao amanhecer, ou ao anoitecer. Diz-se dentro do culto, que, se estes horários não forem obedecidos òssànyín, o senhor das ervas e dos vegetais não as encanta e desperta.Ele é quem permite que sejam emitidas as energias primordiais das plantas, para a realização do orô.
Os europeus antigos também obedeciam algumas regras. As plantas sempre deviam ser colhidas com o céu sereno e se devia considerar o planeta influente em cada hora. Assim, o Sol influi na primeira hora de domingo; a Lua, na de segunda-feira; Marte, na terça-feira; Mercúrio, na quarta-feira; Júpiter, na quinta-feira; Vênus, na sexta e Saturno, no sábado. Cada planeta exercia sua influência sobre um determinado grupo de plantas que deviam ser colhidas na hora planetária correta, para possuir toda a sua virtude. 

A noite de São João e sua importância na colheita e encantamento das plantas

É uma das noites mais importantes na tradição popular, por conta do solstício de verão, desde os tempos remotos sendo objeto de celebração. Nessa época acreditavam que o Sol não voltaria ao seu explendor total, pois os dias se tornavam mais curtos. Por isso, acendiam fogueiras, e se realizavam todo o tipo de rituais vinculados ao fogo, para simbolizar opoder do Sol, ajudando-o a renovar sua energia. Muitas vezes se saltava e pulava em volta do fogo, para se purificar e se proteger de influências demoniacas, assegurando o renascimento do Sol. Isso tudo bem antes da religião católica se instituir no planeta. Pela tradição Asturiana são sete as ervas dedicadas à noite de São João: sálvia, aquiléia, mil-folhas, crisântemo silvestre, hera-terrestre, gilbarbeira, artemísia e hipérico. De todas elas, a de maior importância é a artemísia (erva-de-sãoJoão) que deve seu nome à deusa grega Artêmis, irmã de Apolo, chamada pelos romanos de Diana, a caçadora.
A planta sálvia também tem um importante caráter mágico. Tem este nome por conta de suas propriedades curativas, pois é a planta da longevidade por exelência. Conta-se que existam exemplares dessa planta que se conectam às pessoas e florescem ou secam, de acordo com a sorte delas. Foi utilizada para expulsar os espíritos do mal e os demônios. 
A mil-folhas (aquiléa), é sicatrizante e comestível em forma de salada. Era muito usada pelas bruxas austrianas, para potencializar seus poderes adivinhatórios.
O crisântemo silvestre tem suas raízes comestíveis, e suas folhas picadas  servem para aromatizar doces. sua flor é branca e solitária, apreciada para enfeitar coroas. Simboliza o Sol, a perfeição, a imortalidade. 
A hera-terrestre é medicinal e comestível. Usa-se triturada para invocar determinados espíritos da natureza. Não deve ser confundida com a hera-trepadeira, cujas flores são de cor verde-amarela, e suas bagas negro-azuladas são venenosas. 
Bem, pode-se notar que é muito antiga essa relação mágica entre as plantas, os planetas e os signos do zodíaco, onde todas as religiões atuais, de uma forma ou de outra, expressam em seus rituais sagrados. Em umbanda, por exemplo, pode-se perceber que na consulta com um preto-velho, ele, ao receitar infusões, chás, unguentos e banhos, menciona a melhor Lua para que tais recursos sejam usados, e a melhor hora para colher tais ervas, se for o caso. Hoje em dia, com os ambulantes vendedores de ervas, ou outros locais, o ato de colher a erva que será utilizada se extinguiu um pouco. Mas ainda, em casas dos subúrbios brasileiros, onde os quintais possuem ainda jardins frondosos ricos em flores e ervas medicinais, essas atitudes ainda são levadas em conta. Quem nunca ouviu uma avó, ou ancião conhecido dizer que é muito melhor colher folhas de colônia para um banho de descarrêgo, até às desessete horas da tarde no máximo, por conta de que à noite, a colônia adormece e perde seu poder restaurador e curativo? Quem nunca ouviu dizer que é muito bom mulheres tomarem banho de rosas vermelhas para equilibrar a energia sexual, na Lua cheia e atrair amores? Qual candomblecista já não participou da cerimônia da roda de Xangô, onde os médiuns mais antigos cantam ao orixá e dançam envolta de uma grande fogueira, para pedir prosperidade e saúde? Relacionado a isso, antes do evento há os orôs com banhos de ervas purificadoras, preparadas para tal fim. Isto ainda é vivo na sociedade atual e não pode ser perdido, por conta da tecnologia nem da urbanização. Essa identidade vegetal deve ser resgatada o quanto antes, para que o homem não perca sua essência e seu poder de auto-cura e prosperidade.



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